Filme retrata recuperação ambiental das terras Guarani no Oeste do Paraná

Tekoha Guasu Guavirá: Yvy Omanoe’ỹva – Terra Viva é um curta-metragem sobre como os Guarani estão construindo uma vida melhor para suas comunidades no Oeste do Paraná. O filme é uma realização do Centro de Trabalho Indigenista, em parceria com a Comissão Guarani Yvyrupa e apoio do Fundo Newton e British Council através do projeto Intercâmbio de saberes: Formação de agentes ambientais e agroflorestais indígenas entre os guarani que vivem em terras no bioma Mata Atlântica. Assista:

 

 

Recentemente essa parceria recebeu o Prêmio Newton América Latina 2018 como melhor iniciativa de pesquisa e inovação em apoio ao desenvolvimento econômico e bem-estar social.

Na região Oeste do Paraná, nos municípios de Guaíra e Terra Roxa, os Guarani reivindicam do Estado brasileiro a demarcação da Terra Indígena Tekoha Guasu Guavirá como parte de seu território tradicional. Enquanto aguardam o reconhecimento de seus direitos territoriais, garantidos pela Constituição de 1988, as comunidades estão transformando o cenário no entorno de suas aldeias, trazendo mais vida para as terras guarani e recuperando áreas de Mata Atlântica.

Mesmo cercados pela imensidão das plantações de soja banhadas por agrotóxicos, os Guarani estão reflorestando o entorno de suas aldeias e fortalecendo a busca pela sua soberania alimentar através das roças tradicionais. A iniciativa teve o apoio do CTI através de ações que mesclam conhecimentos e técnicas tradicionais, próprios do povo Guarani, e as técnicas agroflorestais desenvolvidas nas oficinas de intercâmbio de conhecimentos.

“Os karai [não indígenas] nunca entenderam porque queremos a mata. Nós fazemos parte dela, precisamos dela para sobreviver. Os animais são nossos parentes. Com a autorização de Nhanderu [Deus, nosso pai] podemos pegar eles para comer. Aí vieram e destruíram a mata, tudo virou soja. Mas é possível transformar a soja em mata de novo”, diz Damásio Martines, ancião da aldeia Tekoha Y’Hovy, no município de Guaíra, Oeste do Paraná.

Ao contar sobre o plantio de mudas de diversas espécies, o roçado, a criação de abelhas jataí e outras iniciativas que estão melhorando a qualidade de vida das comunidades, os Guarani contam também sobre sua relação com o território e as memórias da ocupação antes da chegada dos empreendimentos do agronegócio.

Assim como o grão de avaxi ete’i (milho tradicional guarani) insiste em brotar no meio das grandes plantações de transgênicos, os Guarani resistem no meio daqueles que são muitos e chegaram para tomar suas terras.