Foto: Ewerton Marubinho (acervo pessoal)

Univaja participa de campanha de conscientização da vacina contra Covid-19

A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) e suas organizações de base estão subindo os rios da Terra Indígena Vale do Javari (AM), junto com equipes de saúde, para apoiar o processo de vacinação contra a doença do novo coronavírus, Covid-19.

Representantes dos povos Marubo, Matis, Matsés, Kanamary e Kulina estão acompanhando uma missão da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) com objetivo de garantir a vacinação contra a Covid-19 em todas as aldeias da Terra Indígena Vale do Javari, no Sudoeste do Amazonas, próximo da fronteira com o Peru.

“Estamos indo com a equipe da Sesai, com representantes de cada povo, pra ajudar a convencer os parentes nas aldeias”, conta Paulo Marubo, coordenador da Univaja.

A iniciativa surgiu para combater a desinformação a respeito da segurança das vacinas que tem causado receio entre diversos povos por todo o país. Na Terra Indígena Vale do Javari, mesmo se tratando de um lugar com pouca infraestrutura de internet, as notícias falsas chegaram causando medo entre os indígenas.

As aldeias com maior resistência são justamente aquelas com a presença de missionários religiosos proselitistas, que pelo rádio estão divulgando notícias falsas, segundo lideranças do movimento indígena.

“Algumas aldeias estão recusando, principalmente aquelas ligadas às missões. Eles passam informações contrárias e os parentes de lá estão acreditando”, comenta Paulo Marubo.

A maior preocupação é porque boa parte dessas aldeias com atuação de missionários proselitistas são mais isoladas e estão em áreas onde circulam povos indígenas isolados, ainda mais vulneráveis e para os quais a Covid-19 seria uma certeza de muitas fatalidades.

“A gente toma vacina também na frente dos parentes para que eles não fiquem com medo. Eles estão recebendo muitas informações, na cabeça fica aquela informação errada de que se tomar vai morrer ou vai complicar a saúde. Nossa presença é para conversar, pra dizer que essa é a única arma para nos proteger. Nosso objetivo é ajudar, incentivar nossos parentes a tomarem vacina”, explica Paulo Marubo.

A boa notícia é que a campanha deu resultado nas aldeias de mais fácil acesso. Aldeias do médio Curuçá e do rio Itacoaí já foram vacinadas e a avaliação dos indígenas é que a grande maioria foi conscientizada e aceitou tomar vacina.

Até o final dessa semana os membros da Univaja e organizações de base participam dessa outra etapa de vacinação em aldeias mais longínquas, para as quais as vacinas chegarão em avião do exército brasileiro.