Por Tiago Kirixi Munduruku/CTI
Nos dias 15 e 16 de setembro, a Aldeia Recanto, na Terra Indígena Buriti, foi o cenário de um marco histórico: a validação do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA). O encontro reuniu lideranças, anciãos, mulheres e jovens Terena, além de parceiros institucionais, em um processo coletivo que deu forma final a um documento essencial para a vida e o futuro da comunidade.
O PGTA é um instrumento que organiza a relação do povo Terena com seu território, orientando ações de proteção ambiental, uso sustentável dos recursos e fortalecimento cultural. Mais do que um plano de gestão, ele se torna um espelho da própria existência do povo, pois reúne as memórias das retomadas, os relatos dos anciãos, os mapas construídos em oficinas participativas e as visões de futuro das novas gerações.
Além de orientar a vida comunitária, o documento também pode servir como referência para pautar políticas públicas e captar recursos destinados a projetos que fortaleçam a autonomia Terena. Cada parte do PGTA carrega a marca da coletividade e traduz o modo de ser Terena em relação à terra.






A oficina de validação não se limitou a um momento técnico de leitura e revisão. Foi uma oportunidade para a comunidade se reconhecer no texto produzido, reforçar laços de pertencimento e reafirmar a importância de gerir o território a partir de seus próprios valores. A leitura coletiva, as discussões em grupos e as correções sugeridas tornaram o documento mais fiel à realidade vivida nas aldeias. Ao final, a validação simbolizou um compromisso assumido por todos com a preservação da Terra Indígena Buriti.
Durante a atividade, também foram realizadas visitas a caciques e anciãos de diferentes aldeias, fortalecendo a participação comunitária e incentivando o envolvimento da juventude na formação de Agentes Ambientais Terena. Esse movimento evidencia que o PGTA não é apenas um documento escrito, mas um processo de continuidade, que integra gerações e amplia a capacidade de governança da comunidade sobre seu território.
A validação do PGTA representa, assim, mais do que a conclusão de uma etapa. É um marco de resistência, autonomia e esperança. O documento assegura que a Terra Indígena Buriti seguirá sendo espaço de vida, espiritualidade e cultura, onde a memória dos mais velhos se conecta com os sonhos dos jovens. O lançamento oficial, marcado para 8 de novembro na própria Aldeia Recanto, será um momento de celebração coletiva dessa conquista, que reafirma a força do povo Terena em cuidar de sua terra e semear o futuro.