Foto: Thomas Bauer / CPT

Diversidade do Cerrado presente em encontro em Brasília

Na quarta-feira (11), o primeiro dia do IX Encontro e Feira dos Povos do Cerrado movimentou Brasília. A abertura oficial do encontro aconteceu à noite no auditório da Funarte, lotado por membros das comunidades e povos do Cerrado e pelo público geral que prestigiou o evento. Como membro da Rede Cerrado, o CTI participa do evento com apoio da Embaixada da Noruega e do Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF, na sigla em inglês para Critical Ecosystem Partnership Fund).

“É o cerrado que nos une, é o cerrado que nos trouxe até aqui para discutir e mostrar sua importância”, falou Maria do Socorro Teixeira Lima, Coordenadora Geral da Rede Cerrado e membro do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB).

Maria do Socorro abriu as falas depois de uma emocionante homenagem a Maria de Jesus Ferreira Bringelo, a Dona Dijé, mulher negra, quilombola, quebradeira de coco babaçu e referência para a luta das comunidades e povos tradicionais que nos deixou em setembro de 2018.

“Estamos aqui para defender nossa farmácia, nossa história, nosso território. É isso o que o cerrado significa para nós, povos e comunidades tradicionais”, Lucely Morais Pio, quilombola e membro da coordenação do comitê gestor do Dedicated Grant Mechanism for Indigenous Peoples and Local Communities (DGM) no Brasil.

Com representantes das diversas organizações de povos e comunidades do Cerrado, além de membros das organizações que atuam na defesa dos direitos dos povos tradicionais, o evento foi organizado pelo conjunto das organizações da Rede Cerrado, que reúne mais de 50 entidades da sociedade civil que trabalham para a promoção da sustentabilidade em defesa da conservação do Cerrado e do protagonismo dos povos que dependem do bioma.

“A importância da Rede Cerrado é justamente congregar essa diversidade de povos e nos ajudar a unificar essas lutas”, comentou Jaime Siqueira, Coordenador Executivo do Centro de Trabalho Indigenista.

A abertura do IX Encontro e Feira dos Povos do Cerrado também foi palco do lançamento do site Eu Amo Cerrado, plataforma que mapeou unidades de conservação, parques, trilhas, a biodiversidade e outras atrações do Cerrado baseado na ideia de conhecer para preservar.

Importância do Cerrado
Indígenas, quilombolas, quebradeiras de coco, geraizeiros, ribeirinhos, a diversidade que tomou conta do palco da Funarte à noite era a mesma que horas mais cedo lotou o Auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados do Congresso Nacional, para o seminário sobre a importância dos povos e comunidades para a preservação do Cerrado.

“Hoje o fogo está afetando nossas comunidades pois é onde sobraram árvores. No resto o agronegócio já passou derrubando”, lamentou Lidiane Taverny Sales, membro do Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais.

A ida ao Congresso foi também o momento da entrega de uma petição com mais de meio milhão de assinaturas pela aprovação da PEC 504/2010, que transforma o Cerrado e a Caatinga em Patrimônio Nacional.

“As políticas públicas parecem estar diminuindo e voltamos e ter uma situação muito triste em nossos territórios”, Braulino Caetano dos Santos, geraizeiro, diretor geral do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas.

Corrida até o Congresso
Pela manhã, o caminho para o congresso não foi numa caminhada comum. Os povos indígenas Xavante, do Mato Grosso, e Timbira, do Maranhão e Tocantins, organizaram a tradicional corrida de toras na qual os corredores dos dois times correm se revezando no carregamento de uma tora que pode chegar a 80 quilos.

Desta vez venceram os Xavante, mas sem se importar com o resultado os membros dos dois times fizeram uma roda e dançaram na chegada em frente ao Congresso.