Apresentação dos grupos de trabalhos sobre temas apresentados pela equipe do CTI como resultados das expedições de mapeamento e diagnóstico socioeconômico (Foto: Sônia Lorenz/CTI)

Comunidades Sateré-Mawé discutem gestão territorial e ambiental na TI Andirá-Marau

Nos próximos meses as comunidades do povo Sateré-Mawé irão finalizar o documento do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) da Terra Indígena Andirá-Marau, situada no limite dos estados do Amazonas e do Pará. Como parte das etapas de consolidação do PGTA, no final do ano de 2019, o Centro de Trabalho Indigenista – CTI organizou oficinas de trabalho nas calhas do Andirá e do Marau, dois principais rios da terra, para apresentar para as comunidades os resultados das expedições de mapeamento e diagnósticos socioeconômicos realizados.

Há mais de dois anos, desde outubro de 2017, quando tem início o projeto Consolidando Experiências de Gestão Territorial e Ambiental em Terras Indígenas na Amazônia Brasileira, com apoio do Fundo Amazônia (FAM) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o documento está sendo elaborado em parceria com o CTI que viabilizou consultorias para a elaboração do PGTA da TI Andirá-Marau.

Com apoio das consultorias e equipe técnica do CTI, as comunidades Sateré-Mawé realizaram seis expedições de mapeamento de seu território e diagnósticos socioeconômicos em todas as regiões da TI Andirá-Marau. As expedições nas regiões do rio Waicurapá, do Baixo e Médio rio Marau e do Baixo e Médio rio Andirá, incluindo o igarapé Tigre, foram feitas durante 2018 e nas regiões dos rios Urupadi e Manjuru, no Alto Andirá e no Alto Marau e Miriti em 2019.

Apresentação dos “Resumos Temáticos” no Andirá (Foto: Sônia Lorenz/CTI)

Para as expedições o CTI contratou consultores especialistas em manejo de pesca, manejo de caça e de vegetação que percorreram o território junto aos agentes ambientais indígenas. Os agentes ambientais indígenas, membros das comunidades Sateré-Mawé, passaram por cursos de formação que aconteceram em abril de 2018, antes do início das expedições. Durante as expedições a equipe técnica do CTI também realizou entrevistas sobre os vários aspectos socioeconômicos, políticos e culturais dos Sateré-Mawé.

Após as expedições, consultores especialistas e equipe técnica do CTI sistematizaram os resultados das expedições e elaboraram resumos temáticos que foram apresentados para os Sateré-Mawé nas devolutivas. As oficinas tiveram a participação de tuxauas (lideranças), agentes ambientais, professores, agentes de saúde e demais membros das comunidades Sateré-Mawé. Como destaque, a participação dos tuxauas do rio Waicurapá na devolutiva do Andirá, aconteceu pela primeira vez desde que os Sateré-Mawé ocuparam o Waicurapá, na fronteira norte da terra, após a demarcação da terra indígena.

Apresentação grupos de trabalho no Marau (Foto: Sônia Lorenz/CTI)

As discussões passaram por temas diversos como as ameaças dos caraiwa (não-indígenas) na TI Andirá-Marau; o manejo da vegetação, de caça e de pesca; a comercialização da produção das comunidades; questões da política Sateré-Mawé; os saberes e rituais tradicionais e as religiões dos caraiwa; a educação escolar indígena e o atendimento à saúde na TI Andirá-Marau. Antes das discussões em torno do PGTA o CTI também promoveu um seminário sobre direitos indígenas com foco na condição legal de terra indígena homologada, caso da TI Andirá-Marau.

Com base nas discussões das oficinas de trabalho nas calhas dos rios Andirá e Marau, a equipe do CTI está agora trabalhando na elaboração da primeira versão do PGTA da terra indígena que será apresentado para os Sateré-Mawé nos meses de março e abril para ajustes antes da versão final do documento.

Confira a galeria de imagens das oficinas: