OBJETIVOS
O CTI atua há mais de 20 anos junto aos povos da Terra Indígena (TI) Vale do Javari, em um primeiro momento (1999–2001), suas ações estiveram voltadas à proteção etnoambiental da TI, em parceria com a FUNAI, com foco na implementação de postos de vigilância em pontos estratégicos. Em 2002 o Programa Javari foi estabelecido dando início a construção de uma série de agendas e projetos em parceria com os povos e organizações indígenas locais, tendo como objetivo assegurar a integridade territorial dessa terra indígena e o usufruto exclusivo de seus recursos naturais pelos povos Marubo, Mayuruna (Matsés), Matis, Kulina-Pano e Kanamari. Ações e projetos com o objetivo de fortalecer suas identidades, línguas, modos de vida, formas próprias de gestão territorial e de organização social e política foram realizadas. Atuação que é desenvolvida diretamente junto às comunidades que ali vivem, por meio de quatro eixos de trabalho:
Gestão territorial e ambiental
Implementação das ações do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) da Terra Indígena Vale do Javari, com apoio a iniciativas de manejo sustentável e conservação dos recursos naturais. As ações incluem projetos voltados ao manejo de quelônios, do pirarucu, da meliponicultura e a formação de Agentes Ambientais Indígenas (AAIs) além de lideranças locais, com a assessoria à construção de acordos comunitários de gestão territorial e ambiental e o fortalecimento da transmissão e valorização dos conhecimentos tradicionais.
Fortalecimento das organizações indígenas
Ações de assessoria técnica e política às organizações indígenas locais por meio do apoio à gestão administrativa; assessoria para a incidência política junto as instâncias governamentais; suporte à articulação entre organizações indígenas e aldeias, além de incentivar e apoiar a participação em redes e fóruns regionais, nacionais e internacionais para a defesa dos seus direitos e de seus territórios.
LINHAS DE AÇÃO
Produção e disseminação de informações sobre o Vale do Javari
Monitoramento e acompanhamento das ameaças à integridade sociocultural e ambiental da TI Vale do Javari com a produção e difusão de informações qualificadas sobre a região e seus povos, além de apoiar a elaboração de materiais impressos e audiovisuais que registram e valorizam as experiências de gestão territorial e ambiental realizadas.
Valorização de referências culturais e conhecimentos tradicionais
Apoio à construção de Projetos Político-Pedagógicos específicos e diferenciados para as escolas indígenas, promovendo cursos e oficinas de formação complementar para professores indígenas, bem como a elaboração de materiais pedagógicos próprios, assessorando os povos indígenas do Vale do Javari na garantia do direito a uma educação intercultural, bilíngue e diferenciada. Além de apoio à construção de malocas, espaços fundamentais para a transmissão de conhecimentos tradicionais e modos de vida, e à implementação de um programa de cineastas indígenas voltado à documentação e registro audiovisual para a transmissão de seus saberes incentivando e fortalecendo a transmissão intergeracional.
ÁREA DE
ABRANGÊNCIA
Situada no estado do Amazonas e somando mais de 8,5 milhões de hectares, faz parte de um corredor binacional de áreas protegidas de 16,2 milhões de hectares na região de fronteira Brasil-Peru, que apresenta uma das mais altas taxas de biodiversidade de toda a Amazônia e uma das maiores do mundo.
INFORMAÇÕES SOBRE OS POVOS
A Terra Indígena (TI) Vale do Javari é território dos povos Kanamari, Kulina-Pano, Marubo, Matis, Matsés (Mayuruna), além dos povos Tyohom-dyapa e Korubo, de recente contato. A TI Vale do Javari também abriga o maior número de grupos indígenas isolados conhecidos em uma mesma Terra Indígena no Brasil.
Povo Marubo: Primeiro da região a ter contato com não-indígenas no final do século XIX, vive hoje em 26 aldeias às margens dos rios Ituí e Curuçá, com cerca de 1.565 pessoas.
Povo Mayuruna: Também conhecido como Matsés, conta com cerca de 2.354 pessoas em 13 aldeias ao longo dos rios Javari, Curuçá e Pardo, além de parte vivendo no lado peruano do rio Javari. O contato missionário com o SIL ocorreu em 1969 no Peru, e o contato oficial com a Funai no Brasil aconteceu em 1974.
Povo Matis: Contatados na década de 1970 durante a ações preliminares voltadas a abertura da rodovia Perimetral Norte. Uma epidemia reduziu drasticamente sua população, que chegou a 85 pessoas em 1983. Hoje, vivem cerca de 489 pessoas em 5 aldeias ao longo do rio Branco.
Povo Kulina-Pano: Vivem atualmente em três aldeias no rio Curuçá, totalizando 93 pessoas. No final da década de 1960, sofreram ataques dos povos vizinhos e contato com madeireiros, que reduziram drasticamente sua população e parte de sua cultura.
Povo Kanamari: Pertencente à família linguística Katukina, povo originário dos rios Jutaí e Juruá. Com uma parte migrando, em 1940, para o Vale do Javari fugindo dos impactos da chegada dos “patrões da borracha. Hoje, vivem em 16 aldeias ao longo dos rios Itaquaí e médio curso do Javari, somando cerca de 1.653 pessoas.
Povo Korubo: Atualmente existem cerca de 150 pessoas, vivendo em cinco aldeias ao longo dos rios Ituí e Coari. Parte deste povo ainda vive de forma isolada, preservando sua autonomia e modo de vida. A maior parte já se encontra em situação de “recente contato” mantendo relações contínuas com a Funai em diferentes momentos, entre 1996 e 2019.
Tsohom-Dyapa: Habitante das regiões do alto rio Jutaí e de áreas adjacentes aos rios Jandiatuba e Curuena, no noroeste da Terra Indígena. Trata-se do segundo povo de recente contato do Vale do Javari com uma população reduzida, estimada em aproximadamente 50 pessoas habitante da aldeia Jarinal.
Povos Isolados: A Terra Indígena Vale do Javari concentra aproximadamente 36% dos registros confirmados de povos indígenas isolados no Brasil, segundo dados oficiais do Estado brasileiro, sistematizados pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), por meio da Coordenação-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC). Atualmente, existem registros confirmados de pelo menos 14 grupos isolados na região, conforme informações de monitoramento realizadas pela FUNAI. Esses grupos são extremamente vulneráveis, e sua proteção é uma prioridade para o governo brasileiro e para as organizações de defesa dos direitos indígenas, como o CTI.
ORGANIZAÇÕES
INDÍGENAS
PARCEIRAS
Organizações indígenas locais: UNIVAJA (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari), OAMI (Organização das Aldeias Marubo do Rio Ituí), AIMA (Associação Indígena Matis), OGM (Organização Geral Mayuruna), AKAVAJA (Associação Kanamari do Vale do Javari), ASDEC (Associação de Desenvolvimento Comunitário do Povo Indígena Marubo do Rio Curuçá), AMAS (Associação Marubo de São Sebastião), AMAJA (Associação dos Matsés do Alto Jaquirana), AIKUVAJA (Associação Iba Kulina do Vale do Javari) e COPEAKA (Cooperativa de Preservação Etnoambiental Autônoma dos Kanamari).
ORGANIZAÇÕES
PARCEIRAS LOCAIS
O Programa Javari conta com a parceria da Funai, do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e do Observatório dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (OPI).
APOIADORES
O Programa Javari conta com o apoio da DKA Áustria, Manos Unidas, Misereor e Rainforest Norway.












