40 anos do Centro de Trabalho Indigenista

Em 2019 o Centro de Trabalho Indigenista – CTI comemora os 40 anos de sua fundação. Aproveitamos o final de ano para apresentar uma identidade visual comemorativa que marca esse período tão significativo. Ao que tudo indica, o ano dessa comemoração e os que seguem deverão trazer desafios imensos para os povos indígenas e para todos os que atuam na defesa dos direitos desses povos. Nesse sentido comemorar não significa apenas festejar, mas reconhecer a importância de anos de atuação comprometida e duradoura no indigenismo.

 

 

Após quatro décadas de indigenismo e luta pelo reconhecimento dos direitos territoriais dos povos indígenas, pela valorização das suas referências culturais e pela proteção e manejo ambiental de suas terras, a duras penas avançamos no longo caminho trilhado junto às comunidades parceiras. Desde o início o CTI atuou diretamente com os povos indígenas, realizando ações e projetos voltados aos seus interesses e necessidades, a partir de seus próprios princípios e conhecimentos, visando alternativas de futuro.

As iniciativas do CTI junto às comunidades indígenas avançaram enquanto se consolidava no país uma nova política indigenista, que colocava fim a perspectiva tutelar do Estado, sendo a Constituição Federal de 1988 a maior das conquistas do movimento indígena no período.

Se por um lado o pacto da nova república pós-ditadura militar (1964-1986) resultou na consolidação de direitos, por outro, a política indigenista do país sempre teve nos setores econômicos mais retrógrados seus principais algozes. No momento atual, em que o próprio pacto democrático está em jogo, os direitos dos povos indígenas passaram a correr riscos ainda mais graves, com ataques que chegaram a seu ponto mais alto no resultado das eleições presidenciais de 2018. Por trás de declarações absurdas do presidente eleito Jair Bolsonaro e de membros de sua equipe de governo a respeito das comunidades tradicionais estão interesses maiores de abrir campo para o agronegócio, para a mineração e para os grandes empreendimentos dentro das Terras Indígenas.

Tudo isso vai contra o trabalho construído nesses 40 anos de CTI, não apenas por discordâncias a respeito de modelos de desenvolvimento econômico, mas por colocar em risco projetos de futuro pautados por diferentes formas de vida que os povos indígenas nos ensinam na convivência ao longo desses anos.

Podemos esperar nos próximos anos a intensificação das tentativas de alteração na legislação vigente e nos direitos dos povos indígenas garantidos pela Constituição Federal de 1988 para garantir campo aberto a exploração de territórios tradicionalmente ocupados pelos índios e por outros povos da floresta e do campo.

De nossa parte, a sociedade civil e as comunidades parceiras de nosso trabalho podem esperar os mesmos princípios que pautaram 40 anos de história: o compromisso com a defesa da democracia, a defesa dos direitos dos povos indígenas e o apoio na construção de seus projetos de futuro dentro de uma sociedade plural e inclusiva.