Novamente o povo Ava Guarani da Terra Indígena Tekoha Guasu Guavirá, nos municípios de Guaíra e Terra Roxa na região Oeste do Paraná, é vítima de uma tragédia. Everton Lopes Rodrigues, um jovem de apenas 21 anos, morador do Tekoha Yvyju Avary, em Guaíra, foi brutalmente assassinado na madrugada do dia 12 de julho de 2025. O Centro de Trabalho Indigenista, organização da sociedade civil que atua junto aos Ava Guarani desde 2012, manifesta nossos mais solidários sentimentos aos familiares de Everton e a todo o povo Ava Guarani.
O assassinato brutal de Everton acontece dentro de um contexto de aumento dos casos de violência contra o povo Ava Guarani. Pelo menos desde o final de 2023, os Ava Guarani da TI Tekoha Guasu Guavirá estão sofrendo sucessivos ataques contra as comunidades que fizeram retomadas de partes do território que tradicionalmente ocupam.
O acirramento dos conflitos territoriais, a hostilidade de parte da população local contra as comunidades indígenas e todo o racismo e preconceito existente na região e outras partes do Brasil faz parte do contexto de violação de direitos dos povos indígenas, que resulta em mais uma morte violenta de um jovem indígena.
A morte de Everton repete o cenário traumático para o povo Ava Guarani vivido recentemente na morte de Marcelo Ortiz, também vítima de um assassinato brutal no dia 22 de março de 2025 no Tekoha Jevy, no município de Guaíra. Nos dois casos, as mortes foram acompanhadas de violência extrema e uma ultra exposição que resultam em traumas coletivos e medo que tem se espalhado em todas as comunidades do povo Ava Guarani.
A comunidade do Tekoha Guarani, aldeia onde foi encontrado o corpo de Everton, formalizou pedidos para aumentar a segurança na comunidade, em especial dos funcionários de frigoríficos e cooperativas agroindustriais da região que precisam se deslocar ainda de madrugada para seus locais de trabalho. Os Ava Guarani também se preocupam com a segurança das crianças indígenas que utilizam os ônibus escolares, visto que uma carta encontrada no local do crime trazia ameaças de novos ataques.
É necessário que as forças de segurança atuantes na região coloquem em prática um Plano de Segurança abrangente com a finalidade de tranquilizar comunidades indígenas e todo o conjunto da população local. Outro pedido antigo das comunidades é que a Força Nacional passe a atuar também de maneira preventiva no território, com vistas a evitar novas ocorrências.
Igualmente importante às medidas de segurança, é que as investigações sejam levadas a cabo para trazer tranquilidade aos familiares e a todo o povo Ava Guarani que, sem saber a que tipo de perigo está exposto, tem alimentado o medo entre as comunidades.
Como organização indigenista da sociedade civil, o Centro de Trabaho Indigenista tem ainda a convicção de que a atuação do Estado brasileiro para efetivar os direitos territoriais do povo Ava Guarani é medida fundamental para acabar com os sucessivos casos de violência. Neste sentido, Itaipu Binacional e o Estado brasileiro ainda precisa avançar em um verdadeiro compromisso em lidar com a verdade histórica e com a justa reparação do povo Ava Guarani que teve parte de seu território tradicional alagado para a formação da Usina Hidrelétrica.