Mulheres Indígenas do Cerrado se reúnem em Brasília 

por | dez 19, 2024 | Notícias

A primeira reunião de planejamento teve como objetivo iniciar a preparação e a programação para o encontro das Mulheres Indígenas do Cerrado

Reunião teve como objetivo iniciar a preparação e a programação para um encontro de Mulheres Indígenas do Cerrado

Por Tiago Kirixi Munduruku/CTI

Durante dois dias, mulheres indígenas do Cerrado estiveram reunidas em Brasília para planejar um grande encontro previsto para julho de 2025. Nos dias 10 e 11 de dezembro, a primeira reunião de planejamento teve como objetivo iniciar a preparação e a programação para o encontro das Mulheres Indígenas do Cerrado.

A atividade foi articulada pela Mobilização dos Povos Indígenas do Cerrado (Mopic) e reuniu representantes de mulheres de diversas organizações de base. Estiveram presentes mulheres da Associação Wyty Cate das Comunidades Timbira do Maranhão e Tocantins, da Associação Xavante Warã, do Conselho do Povo Terena, da Associação Indígena Xakriabá, e de outras organizações que atuam em âmbito nacional e regional, como a Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), a Articulação de Mulheres Indígenas do Maranhão (Amima) e a Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Mato Grosso (Fepoimt).

Essa primeira reunião de organização do Encontro de Mulheres Indígenas do Cerrado é parte do projeto “Incidência para Conservação e Protagonismo das Mulheres Indígenas”, coordenado pelo Centro de Trabalho Indigenista (CTI) em parceria com a Mopic. O projeto tem apoio do Instituto Clima e Sociedade e tem como objetivo fortalecer a gestão territorial e ambiental de terras indígenas do Cerrado, em especial na área de abrangência do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), adotando como estratégia o engajamento e protagonismo das mulheres do Cerrado na agenda do clima.

No decorrer do encontro, o coordenador geral da Mopic, Hiparidi Toptiro, apresentou o histórico da mobilização e sua importância como forma chamar atenção da opinião pública e dos governantes para os problemas decorrentes do desmatamento no Cerrado e para a necessidade de apoio e valorização cultural dos povos indígenas do Cerrado.

A primeira reunião focou em como pode ser este potente encontro de mulheres do Cerrado. Ouviu das participantes suas perspectivas de incidência política e temas a serem trabalhados no encontro, além do próprio fortalecimento daparticipação política das mulheres indígenas do cerrado dentro da Mopic.

“É um momento da gente articular, se mobilizar pelo cerrado, que é muito importante, tanto quanto a Amazônia. Então esse encontro que estamos tendo agora é essencial para que nós mulheres indígenas do Cerrado possamos compartilhar ideias e pensamentos na defesa do Cerrado e dos territórios”, afirmou Diolina Krikati, representante da Amima no encontro. 

Desafios no Cerrado 

Durante a reunião, cada mulher indígena trouxe informações sobre seu povo e sobre seu território, os desafios e as realidades vivenciados em suas comunidades e nas suas regiões. Trataram da preocupação com a água diante do desmatamento, dos empreendimentos, do uso de agrotóxicos nas monoculturas, que causam a contaminação dos rios, trazendo doenças e agravando a crise climática. Na ocasião, também compartilharam estratégias na proteção de seus territórios e das reivindicações de regularização fundiária. 

As representantes também abordaram a importância das brigadas indígenas, não apenas no controle do fogo, mas no manejo do território, no plantio e recuperação, além do trabalho das agentes ambientais no monitoramento e proteção dos seus territórios. Falaram ainda da importância dos Planos de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PGTAs), como instrumentos para pensar o futuro dos territórios. 

“O encontro foi muito produtivo, a gente teve a oportunidade de conversar com outras mulheres, falar um pouco dos desafios dos nossos territórios e ouvir o que se passa nos territórios das parentas. Muitas informações para aprender e levar para nossas comunidades, como saúde, educação, estratégia para proteger nosso território”, disse Letícia Krahô, representante da Wyty Cate.   

As informações compartilhadas entre as participantes vão contribuir para a construção do Diagnóstico dos Povos e Territórios Indígenas do Cerrado e demais documentos que possam subsidiar a incidência política pelo Cerrado, da Mopic e das mulheres indígenas que fazem parte da organização.