Histórico

Histórico

As origens

O CTI foi criado por jovens antropólogos e indigenistas no início de 1979, período que marca a transição do regime militar (1964-1986) para a democracia no Brasil. Setores da sociedade civil que atuavam junto aos movimentos sociais passaram a se organizar institucionalmente buscando intervir na política governamental vigente.

Desde o início o CTI atuou diretamente com os povos indígenas, realizando ações e projetos voltados aos seus interesses e necessidades, a partir de seus próprios princípios e conhecimentos, visando alternativas de futuro. Com uma intervenção contínua, pontuada por atividades definidas pelo contexto político e social dos povos indígenas, os focos do trabalho indigenista do CTI são: reconhecimento dos direitos territoriais dos povos indígenas, valorização das suas referências culturais e proteção e manejo ambiental das suas Terras.

Reconhecendo Direitos

Nos anos 1980, antes da promulgação da Constituição de 1988 comunidades dos povos Gavião, Guarani e Maués, com acompanhamento do CTI e de juristas, conseguiram liminares e sentenças inéditas que geraram jurisprudência em outras ações possessórias envolvendo os direitos territoriais indígenas no Brasil pré-constituinte. Os índios entraram em juízo em nome de suas próprias comunidades, reconhecidas como pessoa jurídica com o artigo 232 da Constituição.

Protegendo os Povos Indígenas Isolados

Desde a década de 1980 o CTI acompanhou ações que visaram a proteção de grupos indígenas isolados diante de tentativas de genocídio encampadas pelas frentes de colonização que avançavam sobre seus territórios. Nesse período, antropólogos do CTI realizaram o acompanhamento da situação dos povos indígenas isolados atingidos pela estrada BR 364 (no trecho Cuiabá –- Porto Velho) e participaram de expedições de localização de grupo Ava Canoeiro, em Goiás, na região da Serra da Mesa. O CTI também financiou expedições extra-oficiais para verificar a situação dos isolados na Gleba Corumbiara, em Rondônia.

A partir da década de 1990 o CTI inicia algumas parcerias com a FUNAI para o monitoramento da situação dos isolados, que culminaram em processos de regularização fundiária (Zoé, década de 1990 e Kawahiva do Rio Pardo, década de 2000) e em convênios visando o fortalecimento das frentes de proteção etnoambiental de proteção aos povos indígenas em situação de isolamento (Furnas, Comunidade Européia, Fundação Moore, USAID e atualmente o Fundo Amazônia). Entre os anos de 2004 e 2015 o CTI desenvolveu ações focadas especificamente na constituição de uma rede interinstitucional para a defesa dos direitos dos povos indígenas isolados na fronteira Brasil-Peru, articulando organizações indígenas, indigenistas e órgãos do governo envolvidos com a questão.

Reconhecendo Saberes

Entre os Timbira o CTI atua, há 30 anos, na proteção da identidade e cultura, promovendo rituais e intercâmbios culturais, formando o Acervo Cultural Timbira (ACT) e o Centro de Ensino e Pesquisa Pënxwyj Hempejxà, em Carolina (Maranhão). O ACT integra o Programa Cultura Viva Timbira. O trabalho com os Timbira inclui também a implementação de escolas nas aldeias, formação de professores indígenas, produção de material didático específico.

Nos últimos anos, o CTI e a Comissão Guarani Yvyrupa tem apoiado intercâmbios de cultivos e conhecimentos tradicionais, práticas rituais e de artesanato em comunidades no sul e sudeste do Brasil.

Entre os povos indígenas do Vale do Javari, o CTI tem incentivado a valorização e transmissão de saberes tradicionais tanto no apoio a construção de malocas, enquanto espaços fundamentais na transmissão deste patrimônio cultural, como na incorporação na educação escolar da TI Vale do Javari, com a produção de material didático específico, da diversidade cultural dos povos Kanamari, Kulina, Marubo, Matis e Matsés/Mayuruna.

Propondo Alternativas Sustentáveis

Visando maior autonomia aos povos Timbira e a proteção do Cerrado foi criado, em 1995, o projeto Frutos do Cerrado que promove manejo agroecológico, recuperação de áreas degradadas, assessoria aos Timbira na gestão de seus territórios. As 18 aldeias que participam deste projeto pertencem à Associação Wyty Catë. As vertentes deste projeto são: proteção das TIs Timbira e do Cerrado e implementação da fábrica de polpas FrutaSã. A fábrica comercializa frutos em forma de polpas que são coletadas pelos índios e por pequenos produtores regionais, propondo alternativas econômicas sustentáveis para as Tis e para a população do entorno.
Entre os Guarani a tônica tem sido a revitalização do sistema agrícola e do manejo florestal tradicional, estimulando o intercâmbio e plantio de espécies nativas da Mata Atlântica.