Panorama Atual: Asurini e Araweté frente a missionários e Belo Monte

Os Asurini e Araweté do Xingu (de língua Tupi) foram “contatados” por sertanistas da FUNAI na década de 1970. Os primeiros quase desapareceram, sendo reduzidos a menos da metade, devido à desastrosa ação, incapaz de evitar as conseqüências do contágio por doenças. Os segundos resistiram melhor, apesar das muitas mortes havidas entre eles. Nos anos 1980/1990 a FUNAI reconheceu seus territórios tradicionais e, pouco depois, permitiu que missionários fundamentalistas travestidos de “funcionários” e “lingüistas” ficassem entre eles, com sérios prejuízos à auto-estima dos Asurini e Araweté. Com apoio irrestrito do poder do órgão indigenista em Altamira até recentemente, tais figuras chegaram a “filtrar” os contatos que aqueles povos poderiam fazer, decidindo por eles com quem negociar e o quê; falavam por eles quem era bom ou o “demônio”.

Os Asurini, moradores de uma única aldeia (“para facilitar a assistência, diziam os “funcionários”) até que tiveram (e têm) pelo menos a chance de contra-argumentar com as bases do tutelar-fundamentalismo, pois a antropóloga e professora Regina Polo Muller, co-fundadora do CTI, jamais deixou de visitá-los com alguma freqüência, nestes últimos 30 anos, para onde levou também novos alunos, que se juntaram na luta. “Demonizada” por antigos funcionários da FUNAI, não deixou os Asurini entregues, com exclusividade, aos “negócios” conduzidos pelo pequeno ditador de Altamira (felizmente defenestrado do cargo, após mais de 20 anos!) e sua trupe de evangélicos.

De outra estratégia se valeram os Araweté, pulverizando pequenas aldeias (06 hoje) pelo seu território, uma vez livres da tutela do Posto Indígena, desativado com a nova orientação da Funai local, em busca de se libertarem também da “assistência” paterno-fundamentalista, retomando à revelia destes, o modo de vida de sempre. Mas os evangélicos são persistentes e continuam por lá…

Hoje, apesar dos avanços que se anuncia no campo indigenista em Altamira, o pior está ainda por vir: Belo Monte. Mas antes que tal ameaça se concretize, urge retirar os “funcionários” fundamentalistas que ainda restam entre eles (com a “proteção” de alguns índios) para que ao menos estes pequenos povos possam, com a informação correta, discutir um futuro, pelo qual lutaremos, que não se dê entre uma suposta salvação e uma real inundação (de água, de brancos rodados e de dinheiro).